Na minha voz humana e pecadora,
não sei cantar senão as graças tuas.
Teu corpo, tua boca arrasadora,
teus olhos vou cantando pela ruas.
Minha cantiga é toda louvadora
das tuas curvas, que desejo nuas,
o que me bastaria se não fora
o mundo de bobagens que insinuas.
Assim, não me interessa regalia
maior do que a possível brevidade
desta canção que tanto me assedia.
Não é melhor o que pra sempre dura.
Acaso vale mais a eternidade
que o tempo de te amara com essa loucura?
Publicado em Poemas do Vale (1993)